quinta-feira, 14 de abril de 2011

Álbuns conceituais parte 1 - Operation: Mindcrime

Olá, pessoal!

Como prometi no Twitter, escreverei sobre alguns de meus álbuns conceituais preferidos. Para os que não conhecem o termo, álbum conceitual é todo aquele que possui um tema principal, geralmente narrado em forma de estória. Esse tipo de trabalho é muito comum em bandas de rock progressivo e metal progressivo, com suas complexidades líricas, harmônicas e técnicas.

Esse primeiro texto será sobre a obra-prima entitulada Operation: Mindcrime da banda americana Queensrÿche. Lançado em 1988, Operation: Mindcrime conta estória de Nikki, um jovem membro de uma organização revolucionária comandada pelo demagogo político e religioso conhecido como Dr. X, cujo lema era "Assassinato e Substituição".

O álbum começa com a introdução I Remember Now, quando Nikki está saindo de um estado sedado em um hospital e logo começa a lembrar de como foi parar ali. A introdução emenda na instrumental Anarchy-X que nada mais é do que a preparação para Revolution Calling, faixa onde aparece o momento em que Nikki foi recrutado por Dr. X. É um heavy metal muito melódico com um excelente refrão, onde o vocalista Geoff Tate mostra porque é um dos maiores vocalistas da história da música.

Em seguida, vem a faixa-título, onde se apresenta a organização e seus métodos de lavagem cerebral e o vício em heroína que são utilizados pela organização para recrutar e segurar os jovens.

A quinta faixa se chama Speak e é a parte onde aparecem os movimentos da organização e de Nikki. É um música forte e veloz, onde o vocalista Geoff Tate modula sua voz em tons graves e agudos com enorme desenvoltura. Aliás, reza a lenda que o barítono Tate possui aproximadamente quatro oitavas de extensão na garganta! Fenômeno!

Na sequencia, Spreading The Disease é o momento em que aparece a personagem Mary, uma ex-prostituta retirada das ruas pelo corrupto Padre Willian em troca de favores sexuais -"He takes her once a week / On the altar like a sacrifice" - e se torna a Irmã Mary.

The Mission, a sétima faixa do álbum, é uma canção sombria e arrastada onde Nikki começa a analisar sua vida de assassino após se apaixonar pela Irmã Mary.

Essa aproximação entre Nikki e a Irmã Mary, começa a preocupar Dr. X, que ordena o assassinato da freira pelo jovem Nikki. Esse momento é narrado de forma espetacular na música Suite Sister Mary. Com a participação da cantora Pamela Moore no papel da Irmã Mary, a música é uma linda ópera-rock, com belos contrapontos vocais, corais e orquestrações.

A sequencia vem com a dobradinha The Neddle Lies / Eletric Requiem. Nesse momento, Nikki resolve sair da organização, porém é impedido por Dr. X. Começa então uma grande fuga, onde ao final a Irmã Mary é encontrada morta. O mistério do álbum fica por conta de sua morte não esclarecida.

Em Breaking The Silence, Nikki é preso por ficar gritando e por portar a arma que matou diversas pessoas.

A tristeza de Nikki pela perda de Mary é contada em I Don´t Believe In Love.

A dobradinha Waiting For 22 / My Empty Room mostra a agonia de Nikki que se sente agora sozinho no mundo.

O fechamento fica por conta de Eyes of a Stranger. Com um início arrastado que evolui para um fantástico tema de heavy metal, a canção mostra o momento em que Nikki é preso em um manicômio e, através de um olhar no espelho, consegue lembrar de seu passado de crimes. Finaliza com a mesma frase em que Nikki surge no álbum: "I Remember Now". A melodia é fantástica e o alcance vocal de Tate é assustador! Está facilmente entre minhas 100 músicas preferidas.

Tirando o fato de contar uma estória, o álbum por si só é musicalmente espetacular. Seja nas melodias, nos arranjos ou na performance de todos os integrantes da banda.

Interessante também a forma com que os temas mais lentos e mais velozes se alternam de forma a não cansar o ouvinte, jogando para o final do álbum os três principais hits: Breaking The Silence, I Don´t Believe In Love e Eyes of a Stranger.

Chamam atenção também a limpeza e timbragem dos instrumentos, frutos da impecável produção de Peter Collins.

Enfim, obra-prima!

Em 2006, a banda lançou a continuação Operation: Mindcrime II. Para ele, tenho apenas um comentário: "volta, De Garmo".

Grande abraços a todos e "because we've got so much to do and you've got nothing more to lose so take this number and welcome to".

Filipe.


5 comentários:

  1. Esse álbum está fácil no meu top 5 de todos os tempos. Nada a acrescentar ao que vc escreveu. Obra-prima é pouco pra descrever!

    ResponderExcluir
  2. "I used to think that only America's way, way was right. But now the holy dollar rules everybody's lives...gotta make a million doesn't matter who dies"

    ResponderExcluir
  3. "Religion and sex are powerplays, manipulate the people for the money they pay. Selling skin, selling God, the numbers look the same on our credit cards"

    ResponderExcluir
  4. Falou Fabio Trovão, meu consultor para assuntos Queensrÿche.

    Esqueci de mencionar no texto que apesar da estória parecer simples, as letras são fortes e extremamente políticas, com ácidas críticas ao modo de vida americano.

    ResponderExcluir
  5. Queensryche eh muito foda mesmo... e esse disco eh maravilhoso, a ideia, as musicas tudo... nao colocaria nos meus top5 mas com certeza eh um marco no metal, introduzindo conceitos e com letras, como bem dito por voce, fortes e impactantes..
    Up the Dark !!!!
    Felipe

    ResponderExcluir