domingo, 22 de maio de 2011

Os deliciosos 42 minutos de distúrbios mentais!

Olá, pessoal!

Sempre tive o hábito, assim como muitos de vocês, de me apaixonar tanto por uma música que simplesmente a escuto por repetidas vezes. Às vezes, inclusive, durante muitas semanas. Até aí tudo muito normal. A coisa muda de figura quando a música possui singelos 42 minutos de duração.


Six Degrees of Inner Turbulence é um CD duplo lançado em 2002 pela banda americana de progressive metal Dream Theater, onde o disco UM é composto de cinco músicas e o disco DOIS é composto exclusivamente pela faixa-título de 42 minutos. Como a idéia do texto é de realmente falar da canção e do conceito que a engloba, vou passar rapidamente pelo primeiro disco.

A faixa de abertura se chama The Glass Prison e é a primeira de uma série de músicas que a banda gravou sobre os 12 passos do AA* e que escrevi recentemente aqui no blog.

Blind Faith, a segunda canção, é uma música de mais de 10 minutos de altos e baixos.

A terceira música se chama Misundestood. É uma balada, daquelas que começam bem calmas e vão ganhando força durante seus mais de nove minutos. As experimentações do tecladista Jordan Rudess são interessantes ao final da faixa. Boa música.

Em seguida, The Great Debate, outra longa canção, com mais de 13 minutos começa arrastada e vai acelerando. A melodia é interessante e os arranjos realmente bem construídos, mas não chega a ser uma faixa brilhante. Bem, pelo menos não a senti assim ainda.

A última música do primeiro disco se chama Disapear. Com um belíssimo arranjo de sintetizadores e piano, é uma bonita e interessante balada.

De certa forma, o disco UM é um bom disco, porém irregular em vários momentos. Muito diferente do disco DOIS. Esse sim, uma obra-prima. Os deliciosos 42 minutos de distúrbios mentais.

Six Degress of Inner Turbulence é isso, uma suite de 42 minutos, onde cada parte descreve um diferente distúrbio mental.

A primeira parte é uma instrumental chamada Overture. É interessantísima, como já é de costume entre as instrumentais gravadas pela banda. Criatividade, bom gosto e técnica são marcas forte do grupo.

O final da primeira parte é apoteótica, como uma grande sinfonia, e emenda numa bela introdução de piano para a segunda parte, About To Crash. A maravilhosa e lindíssima melodia da segunda parte contrasta com o triste conceito da letra: transtorno bipolar. Conhecido pelos leigos como maníaco-depressivo, o portador de transtorno bipolar, costuma mudar de humor de forma pendular, isto é, ou está muito eufórico ou muito depressivo. É geralmente tratado com ingestão de lítio.

A terceira parte, War Inside My Head, uma canção um pouco mais pesada e forte vem com o tema "transtorno de estresse pós-traumático". O portador, após um choque traumatico, possui distúrbios de ansiedade dais quais se destacam pesadelos, flashbacks do evento causador do trauma e incapacidade de amar.

Outra parte pesada e forte vem em seguida. The Test That Stumped Them All trás o conceito de esquizofrenia. Possivelmente a mais séria e perigosa entre as seis doenças citadas. O indivíduo portador de esquizofrenia apresenta, entre outros sintomas, alucinações auditivas e visuais. Em alguns casos, era tratado com choque elétrico. Em muitos casos, apenas fármacos antipsicóticos são eficazes. A doença começou a ser tratada pela sociedade leiga como doença, e não apenas simples sinal de loucura, após o sucesso no cinema de Uma Mente Brilhante. Recentemente, uma novela também tratou o assunto abertamente.

Como escrevi, a música é realmente pesada e forte, com várias passagens instrumentais muito velozes. Detalhe para os interessantes versos de Labrie imitando os pais do garoto doente.


Logo em seguida, vem a linda balada Goodnight's Kiss. Seria uma linda canção de amor se o tema não fosse depressão pós-parto. Ao final da faixa, com andamento um pouco mais acelerada, pode-se ouvir o que nos parece ser a mãe cometendo algum ato de violência contra o filho. Forte!


Em seguida vem o que me parece ser a música mais doce da carreira do Dream Theater. Solitary Shell é belíssima e gostosa. Sim, daqueles melodias flertando entre o rock e o folk, com lindo arranjo de violão e teclados. A letra, talvez a mais poética do álbum, descreve o autismo. Resumidamente, o autista vive em seu próprio mundo, com enorme dificuldade de comunicação com os outros. Hiperatividade e inatividade extremas também são marcas do autista. Ao final da música, a banda inicia um fantástico tema instrumental.

Logo depois, voltam com uma reprise para About to Crash. Um pouco mais acelerada que a primeira, valoriza mais as viagens instrumentais comuns entre a obra do grupo.

O final fica por conta de Losing Time/Grande Finale. A música é meio arrastada, meio apoteótica. Em minha opinião, a melodia menos bonita entre todas as partes da música, mas ainda sim uma grande melodia. A letra fala sobre o que muitos chamam de transtorno de dissociação de personalidade. Existem inúmeros tipos, inclusive paixões insanas e narcisismo extremo.

Uma observação, essa onda de chamar qualquer introdução de Overture e final de Grand Finale precisa acabar, não é?

Por fim, deixo aqui meu comentário sobre a letra da música: sensacional! Todos os casos são tratados de forma poética, com muito bom gosto. A música então, nem se fala! Espetacular!

Como falei, são 42 minutos deliciosos que não me cansam. Recomendo fortemente!

Grande abraços a todos e "he was drifting in and out of sanity, but in every other way he was fine"

Filipe.

Um comentário:

  1. Essa musica/cd eh simplesmente o apice da criacao, virtuosismo e progressivismo (existe isso) do DT. Tento imaginar como foi feita a composicao, deste e tb do Scenes e sendo sincero cada vez q penso, acho q a coisa eh fora do humano, so monstros musicalmente e excelentes letristas podem fazer um album como esse.
    Acho q isso so demonstra que o metal, q eu muito maior que o DT, agrega valor, pensamento, tecnicas a musica, e novas filosofias musicais !!!
    eh ai DT na veia
    Felipe

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